top of page
Posts
Curiosidade
 

A feira contou com 3.964 compradores de 73 países, que realizaram 65.000 encontros de negócios. Desse total de participantes, 3,5% eram brasileiros, ou seja, apenas 138 compradores.

O turismólogo e o mercado de trabalho!

  • Mariana Lima
  • 7 de jan. de 2016
  • 4 min de leitura


Escrevi esse texto cerca de um ano atrás.... Será que o cenário mudou?


Ao buscar uma faculdade, muitos jovens optam por estudar turismo. Isso porque o curso desperta no imaginário de cada um a possibilidade de viajar para diversos lugares, trabalhar com lazer e ser feliz. Além disso, o vestibular não é dos mais difíceis e muitos entram na universidade na esperança de não ter que estudar muito, ter um diploma de curso superior e viajar, viajar muito.


São quatro anos de estudo, provas infindáveis e provavelmente algum rápido estágio para ter créditos suficientes para chegar ao tão sonhado dia: a colação de grau. A partir desse momento o ex-aluno é um turismólogo, com muito orgulho, claro. Mas, e ai? O que fazer? Qual o próximo passo? O recém-formado possivelmente decidirá por traçar um dos seguintes caminhos: mercado de trabalho ou academia. Independente da escolha, há sempre certo brilho nos olhos pela vontade de mostrar ao mundo a que veio. Finalmente o jovem virou adulto.


Nesse momento o que acontece aos que optam pelo mercado de trabalho? A) ele consegue o emprego dos sonhos que é trabalhar viajando pelo mundo recebendo muito dinheiro por isso. B) Ele não consegue um emprego, se desespera e decide fazer uma nova graduação. C) Ele percebe que terá que concorrer a qualquer vaga na área, por um salário baixo que muitas vezes exige apenas ensino médio completo para trabalhar por horas atrás de um balcão. Bom, tendo em vista o cenário geral do setor turístico, é bem provável que as opções B e C aconteçam.


Afinal, quem é responsável por esse cenário? O mercado, os professores, ou os próprios alunos? Eu diria que há parcelas de responsabilidade para todos os lados. O mercado exige experiência e estudo, mas não está disposto a pagar por isso e nem a investir em capacitação para melhorar a equipe. Em diversas pesquisas vemos empresários reclamando que falta mão de obra qualificada, mas quando indagados se investem em cursos para seus funcionários eles dizem que não.


Os professores muitas vezes foram alunos que, logo após concluírem a graduação, se encaminharam diretamente para um mestrado e, portanto, não tem nenhuma experiência de mercado e não conhecem nenhum mundo que não o acadêmico. Dessa forma, como preparar seus alunos para o “mundo lá fora”? Eles ensinam da forma como conhecem, a teoria. E entre teoria e prática há um mundo inteiro.


Já os alunos, conforme dito no primeiro parágrafo, muitas vezes entram no curso em busca de diversão. Durante o curso se esforçam para passar e esperam que, com o diploma na mão, tenham oportunidades únicas de conhecer o mundo. Mas quando terminam o curso percebem que a realidade muitas vezes é oposta. Se você trabalha com lazer, quer dizer que trabalha exatamente quando as pessoas estão de férias, nos finais de semana, em feriados e em horários nada convencionais. E ainda são obrigados a ouvir de todos: “que legal! Você é turista?!”. Não, sou turismólogo...


Nesse momento, ainda é possível ter brilho nos olhos ao falar da profissão? Não tenho resposta para todas as indagações descritas nesse texto. Fato é que o setor precisa urgentemente se profissionalizar. É extremamente importante que o mercado enxergue que turismo é negócio e que é preciso trabalhar de forma profissional, cobrando e investindo em mão de obra qualificada.


É preciso ainda que a educação do país melhore, principalmente nas universidades. Sim, é papel do professor ensinar a teoria, mas também é papel dele estimular que seus alunos experimentem o mercado de trabalho quando ainda estão na faculdade. Há que se ter uma cobrança durante todos os períodos sobre a importância da experiência e não apenas do rápido estágio para ganhar créditos acadêmicos. É fundamental ainda que, caso o professor não tenha experiência profissional, convide para suas aulas empresários do setor que possam dialogar com os alunos sobre o que de fato é o mercado turístico. É importantíssimo que haja a desmistificação da profissão ainda durante o curso.


Por fim, é papel do aluno se perguntar durante o curso em qual área da profissão de fato gostaria de trabalhar e buscar conhecer melhor essa área. Um bom caminho é, primeiramente, buscar conversar com empresários do ramo e tentar estagiar nessas empresas para conhecer melhor o que é a atividade. Nos quatro anos de curso, muitas vezes é possível experimentar diversas áreas, fazer bicos, trabalhos voluntários e estágios e decidir se está no caminho certo. Nesse processo muitas vezes o aluno pode não encontrar o que gosta, mas saber o que não gosta já é um passo e tanto.


Se você está estudando turismo, não espere terminar o curso para conhecer de fato a profissão. Para que os turismólogos sejam valorizados, é preciso que se deem valor. É difícil cobrar políticas públicas e investimentos se não houver união e entendimento do que é o setor turístico brasileiro. Se cada um fizer sua parte, teremos mais alunos preparados, mais profissionais qualificados, mais empresários satisfeitos com a mão de obra e, consequentemente, um setor mais valorizado no país.

 
 
 

Comments


bottom of page